Chega de TV da Xuxa!

Há alguns dias a quintessência do jornalismo baiano viu sendo desfeita a sua mais nobre equipe. Após desavenças com a TV do galinho, suspensões e uma insatisfação assumida com a emissora, Uziel Bueno ficou na mira e pediu pra sair. Apesar da inacreditável audiência no horário do almoço, conquistada graças aos muitos corpos estirados em valas, reprises da degradação humana e uma ajuda amiga dos homens e mulheres da lei, chega a hora do quinto personagem da série “Nossos candidatos à Assembleia” sair de cena.

Fora do ar, Uziel trabalha agora em cima de um discurso onde 'ética' é a palavra-chave. O nobre ex-apresentador diz ter sido perseguido e censurado por governos e pela própria emissora, que provavelmente não queria deixar de faturar em cima das milionárias propagandas do estado e do município. Incapaz de se vender, Uziel pediu pra sair! Esqueceram de avisar a ele que lá no setor comercial do canal 4 o sistema também é bruto. É assim, Uziel: tem o céu, tem o inferno e tem os interesses comerciais no meio. Não te falaram não??

Distante das telas, o jornalista agora quer barbarizar na Assembleia. Falando como uma pessoa medicada, sem querer estourar as cordas vocais, Uziel ensaia pra ser deputado estadual. Como a maioria, ainda não assumiu. Mas quem duvida? O ex-corvo do meio-dia já providenciou um site e até espalhou busdoor pela cidade. Mas o que todos queriam mesmo é que ele continuasse na telinha, principalmente seus repórteres Murilo Vilas Boas e Valdeck. Ícones do new journalism baiano, os dois profissionais mais competentes e detentores da mais alta credibilidade jornalística, estão órfãos.

Sem o muso inspirador, está difícil até produzir aqueles textos de 20 minutos para falar ao vivo sobre um corpo cravejado de balas ou cobrir rebeliões de detentos nas carceragens de Salvador e troca de tiros entre policiais da Rondesp e bandidos. Até as entrevistas que eram feitas dia sim outro também com delegados estão sem graça. A equipe toda está deprê: dos estagiários embecados do diretor Pablo Reis aos futuros ganhadores do Pulitzer, Murilo e Valdeck.

Como o circo não pode parar, providenciaram uma apresentadora esfuziante para o lugar de Bueno. Capaz de constranger uma criança violentada sexualmente, perguntando “onde o moço pegou em você?”, Analice Sales é daquelas profissionais irretocáveis. Orgulho da raça! Completamente mal diagramada, antes de entrar no ar é preciso que a moça seja embalada em um imponente sobretudo preto de botões monumentais. Pronta para o show de horrores, a cover de Joelma da banda Calypso samba, rebola, corre e bate o pé no chão com uma versão piorada do tosco chavão de Uziel. Todos sabem quais os critérios que precisam ser atendidos para apresentar um programa do quilate do 'Na Mira', mas o currículo dessa senhora supera e muito o necessário. Ela é demasiadamente qualificada para tal função. Não precisava de tudo isso!

Até mesmo os assíduos telespectadores do programa têm reclamado de Analice. Dos elogios que chegam à emissora, “medonha” é o menos pior. Se a intenção da loira-gema era também entrar na política, so sorry. No máximo, síndica de prédio. Já Uziel está prestes a ocupar uma cadeira no parlamento baiano. Se ganhar, deve levar Murilo e Valdeck para sua assessoria. Só não vale esquecer “da Coisa”. Sob o comando de Analice, ouvi falar que seus gritos de “Socorrooooo, meu Deus, eu não quero morrer” estão cada vez mais fortes.