A Bahia e sua SWAT

O cidadão baiano, mais especificamente o soteropolitano, é o que se sente mais seguro no país. Nossos policiais militares são os mais capacitados, gentis e hábeis. Além de tratar cidadãos e turistas com uma cortesia fora de série, todos sabem lidar tranquilamente com os larápios que perambulam pelas centenárias ruas da Bahia. A piada de mau gosto foi contada na última semana pelo jornalismo da TV Itapoan, numa tentativa de fazer com que o telespectador engolisse goela abaixo a oitava maravilha que é a segurança pública baiana.

A emissora que manda seus quase-repórteres acompanhar o trabalho tosco da Rondesp às 3h da manhã para gerar o conteúdo dos programas popularescos é a mesma que exibiu uma série de reportagem sobre a fantástica segurança pública made in Bahia. Contradição ideológica? Não. Conveniência financeira! Com certeza os bispos receberam uma bolada monumental da ‘Terra de Todos Nós’ para que Aline Castelo Branco aparecesse na tela com seus cachecóis narrando os feitos da equipe do Dr. César Nunes.

O circo foi bem ensaiado. Falou-se da ronda nos bairros, dos carrinhos elétricos do Pelourinho, do sistema de monitoramento das viaturas e de como tudo isso ajuda a combater a violência na cidade. Apois. Capitães, coronéis e sargentos, todos com o pedantismo peculiar ao cargo, usaram a vasta verborragia e os inúmeros “positivo e operante” para dar depoimentos sobre o assunto. Tudo funciona perfeitamente. Equipamentos formidáveis. Gente da mais alta competência.

Nem mesmo a repórter se convenceu com seu próprio texto. Parecia estar rindo por dentro ao entrevistar os embolorados senhores da segurança pública. O secretário, todo vermelho, falava sem respirar, na tentativa de convencer o telespectador de que a quintessência do atual governo era a sua pasta. O problema é que os minutinhos bem pagos foram ínfimos em comparação às demonstrações diárias e gratuitas de insegurança. A cada tentativa de fantasiar uma realidade inexistente e de publicar o impublicável, o governo perde a chance de ficar quieto e engolir sua inoperância frente aos graves problemas do estado. A cada propaganda disfarçada de informação jornalística ou vídeo protagonizado por Iaiá, Maria ou José a ‘Terra de Todos Nós’ continua chamando o cidadão-eleitor de anencéfalo e invertebrado. Há quem acredite. Há quem pondere. Em ano eleitoral fazer conta é sempre um bom exercício!